Como funciona o auto scaling? – Baguete

Por Vicente Neto, CEO da EVEO.

Gerenciar uma infraestrutura de TI que seja simultaneamente escalável, eficiente e econômica é um dos grandes desafios de empresas que operam na nuvem. Nesse cenário, o auto scaling, ou autoescalonamento, surge como solução estratégica indispensável. Essa tecnologia permite que os recursos computacionais sejam ajustados automaticamente conforme a demanda, garantindo alto desempenho com uso otimizado da infraestrutura.

O funcionamento é simples: quando o volume de tráfego em uma aplicação ou serviço aumenta, novos servidores são ativados para absorver a demanda; quando a necessidade de recursos diminui, os servidores excedentes são desativados. Essa automação elimina a necessidade de ajustes manuais e evita tanto a ociosidade quanto a sobrecarga de sistemas, contribuindo para uma operação mais estável e econômica. No entanto, para que o auto scaling seja realmente eficaz, é preciso uma configuração adequada e o uso integrado com ferramentas de balanceamento de carga.

Escalonamento horizontal e vertical: estratégias complementares

  • Escalonamento horizontal, que adiciona ou remove instâncias de servidores conforme a demanda, distribuindo a carga de trabalho entre múltiplas máquinas.
  • Escalonamento vertical, que ajusta os recursos (CPU, memória, etc.) de um único servidor, útil quando a aplicação não suporta divisão de carga entre várias instâncias — como em bancos de dados monolíticos.

Muitos sistemas combinam as duas abordagens, ajustando a infraestrutura com flexibilidade para atender diferentes cargas de trabalho.

Como Auto Scaling e Load Balancing funcionam juntos?

Os dois funcionam em camadas diferentes, mas complementares.

  • auto scaling ajusta o número de servidores ativos conforme a demanda aumenta ou diminui. É ideal para sistemas onde a carga do servidor varia bastante ao longo do dia, como lojas virtuais ou plataformas de streaming.
  • load balancing distribui as solicitações entre esses servidores, garantindo que nenhum fique sobrecarregado enquanto outros estão ociosos. É essencial para qualquer ambiente com múltiplos servidores, garantindo que o tráfego seja distribuído de forma eficiente.

Sem um balanceador de carga, o escalonamento automático pode acabar gerando servidores adicionais que não são utilizados de forma eficiente. Da mesma forma, sem auto scaling, o balanceador pode distribuir solicitações entre poucos servidores, o que limita a capacidade de resposta em momentos de pico.

Configuração: o segredo da eficiência

Para implementar o auto scaling de maneira eficaz, é preciso configurar parâmetros estratégicos. Isso inclui a criação de grupos de escalonamento com limites mínimo e máximo de servidores, definição de políticas baseadas em métricas, como uso de CPU, tráfego de rede e latência, além de monitoramento para ajustes contínuos.

Outro ponto-chave é a integração com um balanceador de carga eficiente, que pode operar através de diversas estratégias, como round-robin (distribuindo as requisições de forma cíclica), balanceamento baseado em latência (direcionando para o servidor que responde mais rapidamente) ou roteamento por localização geográfica (enviando o usuário para o servidor fisicamente mais próximo). Essa combinação garante que os servidores disponíveis sejam explorados de forma otimizada, sem desperdícios.

Benefícios reais para a operação

Quando o auto scaling é configurado e implementado com o devido cuidado e expertise, os benefícios para a operação de TI e para a estratégia de negócios são imediatos e impactantes.

  • Redução de custos: os recursos são ativados apenas quando necessários, evitando gastos com infraestrutura ociosa.
  • Melhora no desempenho: a infraestrutura é capaz de responder automaticamente a picos inesperados de demanda, mantendo a performance de aplicações e serviços em níveis ideais.
  • Alta disponibilidade: a capacidade de ativar instâncias adicionais conforme a necessidade reduz drasticamente o risco de downtime, protegendo a reputação da empresa e a continuidade dos negócios, mesmo em cenários de alta carga.
  • Automação inteligente: elimina tarefas operacionais manuais, liberando a equipe técnica para funções mais estratégicas.

Boas práticas e atenção aos desafios

Apesar das vantagens, a implementação do auto scaling exige atenção e domínio de boas práticas para evitar armadilhas comuns. Erros de configuração, como a definição de limites inadequados, uma sensibilidade excessiva nas políticas de escalonamento ou balanceadores de carga mal ajustados podem gerar custos desnecessários ou instabilidade no sistema.

Por isso, recomenda-se enfaticamente a definição de métricas claras e acionáveis para o escalonamento. É imprescindível testar exaustivamente as regras de auto scaling em ambientes controlados antes de sua implementação em produção. Além disso, a revisão periódica do desempenho do sistema e o ajuste das configurações são essenciais para manter a otimização contínua.

O auto scaling transcende a função de mera ferramenta tecnológica para se transformar em aliado estratégico e poderoso na gestão da nuvem. Ele oferece a empresas que enfrentam demandas variáveis e crescentes a capacidade de operar com máxima eficiência, escalabilidade e notável economia de recursos.

Artigo publicado em: Baguete

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