
Por José Henrique Bermejo, CRO da EVEO.
A Transformação Digital trouxe para as empresas um dilema recorrente: investir em Nuvem pública, Nuvem privada ou na combinação das duas? A resposta depende não apenas de orçamento, mas de requisitos técnicos, regulatórios e estratégicos. Entender as diferenças de arquitetura, controle, segurança e desempenho é essencial para fazer a escolha certa.
O que define cada modelo
A Nuvem pública é composta por uma infraestrutura compartilhada, em que vários clientes utilizam os mesmos recursos computacionais. O modelo é escalável sob demanda, permite pagar apenas pelo consumo e é ideal para empresas que buscam agilidade e baixo investimento inicial, incluindo startups, scale-ups e empresas em rápido crescimento. Porém, o controle físico sobre a infraestrutura é limitado, e o desempenho pode variar conforme a utilização de outros clientes.
Já a Nuvem privada é dedicada exclusivamente a um único cliente. Ela oferece alto nível de customização, controle total sobre hardware e software, além de segurança reforçada. É indicada para organizações que lidam com Dados sensíveis ou exigem desempenho estável e contínuo. A arquitetura garante previsibilidade de recursos e permite customizações específicas para aplicações críticas.
Segurança e governança
Na Nuvem pública, a segurança é compartilhada: o provedor protege a infraestrutura física, enquanto a empresa cuida da proteção dos Dados, acessos e configurações dos serviços. O modelo exige confiança nos mecanismos de isolamento e monitoramento do provedor, além de uma boa governança interna para mitigar riscos.
Com a Nuvem privada o ambiente é isolado e exclusivo. A governança é centralizada e a empresa define integralmente as regras de acesso, armazenamento e segurança. Essa abordagem reduz vulnerabilidades e amplia a conformidade com normas e regulamentações, sendo especialmente valiosa para setores como financeiro, saúde e governo.
Performance e experiência do usuário
Empresas com necessidade de alta performance tendem a obter resultados superiores na Nuvem privada, graças à infraestrutura dedicada, baixa latência e estabilidade no tempo de resposta. Em um ambiente exclusivo, todos os recursos, como CPU, memória e largura de banda, são reservados para um único cliente, o que garante previsibilidade mesmo em momentos de pico. Além disso, a proximidade física dos servidores com os usuários finais reduz a latência, o que é essencial para aplicações críticas como ERPs, plataformas de e-commerce e serviços financeiros em tempo real.
Ao adotar a Nuvem pública, o desempenho pode variar devido ao uso compartilhado. O chamado noisy neighbor effect (quando outros clientes consomem recursos excessivos) e a distância física dos Data Centers podem aumentar o tempo de resposta e reduzir a consistência. Apesar disso, para cargas de trabalho variáveis ou menos críticas, a Nuvem pública oferece escalabilidade e custo mais atrativo, especialmente quando a velocidade de provisionamento é prioridade.
Tendências de mercado
O cenário brasileiro indica forte expansão do uso de Nuvem privada e híbrida para os próximos anos. O mercado nacional de servidores de Nuvem privada movimentou US$ 6,86 bilhões em 2023 e deve crescer 15,1% ao ano, atingindo US$ 18,36 bilhões até 2030 (Grand View Research, 2024). Já o setor de Cloud Computing como um todo faturou US$ 34,23 bilhões em 2024, com o IaaS liderando o crescimento pela flexibilidade e pelo modelo de infraestrutura sob demanda.
A Nuvem híbrida também ganha força, e deve crescer de US$ 1,95 bilhão em 2023 para US$ 5,53 bilhões até 2030 (AInvest, 2024), impulsionada pela necessidade de equilíbrio entre controle, escalabilidade e conformidade regulatória. Com a soberania de dados se tornando prioridade, a tendência é que a Nuvem privada e o IaaS, com entrega local e suporte especializado, se consolidem como pilares estratégicos para empresas brasileiras que buscam competitividade e segurança.
Artigo publicado em: Infor Channel
Deixe um comentário